quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A delicadeza de Nell Brinkley

Enquanto fuçava sem maiores preocupações pela sessão de livros de arte na Cultura acabei esbarrando num daqueles livros gigantes de capa dura com aquela cara de "Você pode olhar, mas você não pode tocar" (leia-se,   "eu custo mais de trezentos reais") chamado "The Brinkley Girls", que me chamou a atenção pelo desenho extremamente detalhado de mulheres dos anos 30 na capa.
Como todos podemos arriscar um pouco de felicidade e livros estão na livraria para serem fuçados e cutucados antes de serem comprados, decidi abrir e ver se tinha alguma coisa interessante. Foi amor a primeira vista.
Nell Brinkley, a mulher que desenhou maravilhosamente todos os trabalhos contidos no livro, fazia ilustrações para os jornais locais quando morava em Colorado, mas foi só quando se mudou para Nova York, em 1908, que ela começou a ser conhecida como a "Rainha dos Quadrinhos".  Seus desenhos divertidos e ao mesmo tempo delicados, retratavam uma mulher muito mais independente e segura de si, substituindo as "Gibson Girls", mais recatadas e muito menos femininas.
Foi uma mudança estrutural na estética da época: Coreógrafos famosos vestiram os personagens de seus musicais com roupas baseadas nos desenhos de Brinkley e mulheres queriam os seus cabelos curtos e encaracolados caprichadamente (Como se vê na personagem Roxy Hart, do musical Chicago). Há quem arrisque dizer que Nell Brinkley também teve um papel fundamental na libertação da mulher dos papéis impostos pela sociedade patriarcal ainda vigente na época, já que ela retratava uma vida que era o desejo de toda a mulher, livre e desimpedida.

Aliás, terminando a história do livro: Eu acabei comprando sim, já que descobri que ele não custava trezentos reais, e sim R$58,00 que eu considero muito bem gastos. Fica a dica.

Um comentário:

Duxo disse...

Ok, eu provavelmente não sou a pessoa que vc esperava comentar aqui...
Mas eu gosto de desenhos e vc sentia falta de comentários... Então serei culto...

Bom... Eu, apesar de achar bem interessante folhear desenhos antigos, não gosto muito deles, pois a maioria eram meros instrumentos de propaganda para retratar a "família perfeita" ou apenas produtos em geral...
Gostei um pouco do caráter "bailarina" dessa mulher (mulheres bonitas, com belas roupas e uma delicadeza mesclada com uma auto-confiança, que nem você disse), mas no geral, ainda considero os desenhos dessa época um tanto "rasos"... Sem muitas inovações ou temáticas variadas...
Porém, como uma boa obra de arte, fisicamente o traço dela é maravilhoso, e, ter coleções de obras grandes é um bom passatempo (apenas sentar e olhar desenhos bonitos é muito relaxante).

Ah! Só pra constar, eu acho do caralho quando você fala de música e de coisas desse tipo! (não insinuando nada, porque eu sei que isso é um blog de moda e tals... mas eu precisava te dizer isso)
Continue nos deleitando (essa palavara existe?) com seu blog...
Um pequeno e modesto beijo...